MPLA ESTUDA USO DE GPS NAS SEMENTES…

A III edição da NewSpace Africa (Conferência Espacial de África de 2024) inicia-se, hoje, em Luanda, na presença das maiores agências espaciais do mundo, para abordar o papel da tecnologia do espaço no combate à pobreza (só Angola contribui com mais de 20 milhões de… pobres), no continente africano.

O evento a decorrer até sexta-feira, no Centro de Convenções do Talatona (CCTA), é – segundo a agência de propaganda do MPLA (Angop) – uma “enorme exposição” de 28 organizações proeminentes da indústria espacial global e 24 outras empresas que vão expor as suas soluções e serviços aos mais de 400 delegados.

Especificamente, “stands” das principais agências espaciais do mundo, com destaque para a americana NASA, as europeias ESA e Airbus e a chinesa CAST, para além da emblemática MPLASpace, vão marcar presença no certame, organizado pela Space in Africa em parceria com a União Africana (UA).

A organização do evento conta igualmente com a parceria do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN) do Ministério angolano das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS), segundo o seu porta-voz, Gilberto Gomes.

Os expositores vão apresentar os seus mais recentes avanços, partilhar conhecimentos, trocar ideias e explorar tendências e inovações emergentes na indústria espacial.

Vão participar em discussões sobre as suas oportunidades e desafios, identificar formas de colaborar e impulsionar a inovação em África e moldar colectivamente o futuro da exploração espacial, referem os organizadores do evento.

“O papel do espaço na redução do fosso da pobreza em África” é o tema principal do certame, descrito como o maior evento espacial do continente, sendo esta a primeira vez que se realiza num país da África Austral.

Pretende-se com esta iniciativa, prossegue a Angop, destacar o potencial transformador das iniciativas espaciais na abordagem das disparidades socioeconómicas, no continente, bem como examinar a melhor forma de tirar partido da tecnologia espacial, para revolucionar sectores como a agricultura (em Angola o milho já cresce aceleradamente), a saúde (no reino do MPLA só morrem os que estão vivos), o ambiente, a segurança e as infra-estruturas.

Para o efeito, vai reunir decisores, representantes de governos e líderes de academias e da indústria espacial africana, que vão discutir sobre como a tecnologia poderá ajudar a resolver as questões que África enfrenta no domínio do combate à pobreza, não se sabendo se, no caso de Angola, a pobreza não é culpa da UNITA.

Trata-se de uma reunião de alto nível de líderes da indústria africana e estrangeira, empresas espaciais comerciais, investidores e outras partes interessadas da indústria espacial e de satélites.

Os mais de 400 delegados à conferência, provenientes de 46 países, terão a oportunidade de explorar o impacto potencial dos quadros de cooperação entre as partes interessadas para alcançar objectivos comuns na indústria e no continente e as soluções espaciais inovadoras para resolver as desigualdades sociais, em África.

Além de examinar como as soluções das tecnologias espaciais podem impulsionar estratégias e contribuir para colmatar o fosso (no caso de Angola é uma enorme cratera) da pobreza em África, a conferência vai também aprofundar os avanços em diversos aspectos da indústria espacial e de satélites africana.

Entre os elementos abrangidos destaca-se as ferramentas de detecção remota, as aplicações de dados geoespaciais, as comunicações por satélite, os sistemas de navegação e outras aplicações espaciais emergentes.

Estes avanços destinam-se a melhorar os sectores da agricultura (o MPLA deverá incluir um sistema GPS nas sementes agrícolas), da segurança e defesa, da comunicação, da resiliência climática e da saúde, incentivando, em última análise, o desenvolvimento de infra-estruturas.

O porta-voz da conferência explicou que o evento contará ainda com investidores de capital de risco que vão analisar, com as instituições nacionais, as vantagens da celebração de negócios e memorandos de entendimento.

Os participantes trarão ainda conhecimentos adicionais por partilhar com as Start Ups nacionais, num ambiente inovador e de troca de experiências, disse.

Realçou que a atracção do investimento estrangeiro para Angola está entre os principais benefícios do evento, que demonstra o envolvimento de Angola na arena espacial africana, com “uma caminhada importantíssima” no sector da formação de quadros de nível internacional.

Agora é que vai ser. O quê? Ninguém sabe

O Governo do MPLA (o único que os angolanos conhecerem desde 1975) não está com meias medidas e promete acabar com os 20 milhões de pobres. Ou melhor, promete o lançamento de satélites de teledetecção remota no âmbito do seu programa de Estratégia Espacial até 2025.

Segundo o documento, esta estratégia prevê o estudo da viabilidade da construção e lançamento de satélites de teledetecção remota, para observação da terra e meteorologia, por parte do Governo, entre 2019 e 2025. Em complemento, uma das estratégias constantes do programa espacial angolano implicaria ainda a construção de estações terrestres para recepção directa de imagens de satélite.

Outras estratégias a implementar até 2025 prevêem a implementação de um sistema de informação geográfica, um programa de observação da terra através de imagens de satélite, um sistema nacional de comunicações por satélite e o lançamento de tantos “AngoSat” quantos a megalomania do regime entender.

“A estratégia especial permitirá à República de Angola construir um edifício ambicioso e sustentável como instrumento do seu progresso socioeconómico e de afirmação internacional, cumprindo deste modo, de forma eficaz e inovadora, os propósitos estratégicos gerais e sectoriais do país”, lê-se no documento.

O AngoSat-1 iria – disse o então ministro José Carvalho da Rocha – “não só prestar serviços à população, como a toda a região, e também provocar uma revolução no mundo académico angolano, com a transferência de conhecimento”. Isto se não tivesse desertado para parte incerta…

“O satélite vai cobrir todo o continente africano e uma parte da Europa. Nós vamos ter capacidade para servir as nossas necessidades e prestar serviços a outros países da região de cobertura do AngoSat. Temos que procurar aqueles projectos que possam trazer divisas para o nosso país”, explicou o ministro.

Ao contrário do que pensavam os angolanos, o satélite e projectos similares não vai trazer comida, nem medicamentos, nem casas, nem escolas, nem respeito pelos direitos humanos. Importa, contudo, compreender que há prioridades bem mais relevantes. E os satélites são uma delas.

“Este Satélite é o primeiro e marca a entrada de Angola numa nova era das telecomunicações, o que pressupõe a condução de um programa espacial que inclua, futuramente, o lançamento de satélites subsequentes,” referiu em 2012 o então coordenador do projecto, Aristides Safeca.

Ao que tudo indica, com esta estratégia espacial o nosso país deixará de ter 68% da população afectada pela pobreza, ou uma das mais alta taxas de mortalidade infantil no mundo.

Será também graças à estratégia espacial que não mais se dirá que apenas um quarto da população tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade, ou que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos.

Do mesmo modo, com a estratégia espacial do Governo não mais se afirmará que a taxa de analfabetos é bastante elevada, especialmente entre as mulheres, uma situação agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino. Ou que 45% das crianças sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.

Recorde-se que em Novembro de 2019, foi lançado o Projecto de Quantificação da Problemática da Seca no Sul de Angola, lançado em Ondjiva, capital da província do Cunene, a mais afectada pela seca, pelo Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN) do Ministério das Telecomunicações e Tecnologias da Informação.

Registe-se a pedalada do governo que até tem um “Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional”.

O projecto, que iria monitorizar a seca com a utilização de dados de satélite, visava demonstrar a implementação de um protótipo do sistema de exploração de dados de satélite para a gestão hídrica e monitorização da seca, avançava uma nota do Ministério das Telecomunicações e Tecnologias da Informação. Ou seja…

“Com o Projecto de Quantificação da Problemática da Seca pretende-se explorar os dados de satélites para se combater a problemática da seca, determinar a taxa de ocupação do solo, identificar as fontes hídricas superficiais, determinar a densidade populacional, realizar análises do histórico das precipitações das regiões e do índice de vegetação e actuar na prevenção e monitorização das secas”, referia o comunicado.

Na sua intervenção, o então titular da pasta, José Carvalho da Rocha, disse que o projecto “é um contributo para o melhoramento das condições sociais e económicas do país, com especialistas nacionais e estrangeiros”.

Segundo o ministro, o projecto é um trabalho conjunto do Instituto Nacional de Meteorologia (Inamet), do GGPEN, universidades angolanas e dos ministérios do Ambiente e do Ensino Superior, “na busca de melhores caminhos para compreender cientificamente o problema da seca e as soluções”.

Folha 8 com Angop

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